USAM repudia declarações do Governo sobre situação dos trabalhadores madeirenses
A União dos Sindicatos da Madeira (USAM) manifestou hoje o seu "profundo desagrado e discordância" relativamente às declarações proferidas pela secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude durante as comemorações do Dia do Trabalhador.
"Não há razões de queixa" dos trabalhadores mas é preciso subir salários nalgumas categorias
A secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, Paula Margarido, afirmou, ao início desta tarde, que "não há razões de queixa" que justifiquem manifestações de trabalhadores na Madeira, embora considere "natural que os trabalhadores queiram sempre mais e é natural que os empregadores também reivindiquem outras realidades". "Isto é como numa casa e numa família. Os pais querem sempre mais, os filhos querem sempre mais. E é neste diálogo constante e construtivo que tem pautado sempre as relações laborais na Região Autónoma da Madeira que vamos continuando a conferir o máximo de dignidade à relação laboral, que é composta do trabalhadores e empregadores. Tem-se conseguido isso através da nossa concertação social, por intermédio da Direcção Regional de Trabalho, da Autoridade Regional das Condições de Trabalho e do Instituto Regional de Emprego", disse a governante, à margem da cerimónia junto ao Monumento ao Trabalhador, no limite sul do Parque Santa Catarina.
Em comunicado, a organização sindical considera "inaceitável e desrespeitosa" a afirmação de que os trabalhadores da Região Autónoma da Madeira "neste momento não têm razão de queixa", bem como a sugestão implícita de que não existiriam motivos para manifestações.
"A USAM relembra à Senhora Secretária Regional e à opinião pública que o direito à manifestação é um direito fundamental e inalienável, consagrado no Artigo 45.º da Constituição da República Portuguesa, conquistado com a Revolução do 25 de Abril de 1974", refere o documento.
Para a estrutura sindical, "negar ou desvalorizar a legitimidade de os trabalhadores expressarem as suas preocupações e reivindicações é ignorar a história da luta pelos direitos laborais e desconsiderar a realidade que muitos trabalhadores enfrentam diariamente".
A USAM, que se apresenta como "legítima representante dos trabalhadores da Região", destaca vários problemas laborais persistentes na Madeira, como "salários insuficientes, precariedade laboral, condições de trabalho inadequadas e a necessidade de melhores políticas de apoio social".
A organização sindical reafirmou ainda o seu "compromisso inabalável na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores da Madeira" e apelou ao Governo Regional para que "demonstre maior sensibilidade e reconhecimento face às reais necessidades e anseios da classe trabalhadora" madeirense.